quinta-feira, 31 de julho de 2008

ESTUDOS NO EVANGELHO SEGUNDO JOÃO ( 4 )


(1.29-34) –

29 No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! 30 É este a favor de quem eu disse: após mim vem um varão que tem a primazia, porque já existia antes de mim. 31 Eu mesmo não o conhecia, mas, a fim de que ele fosse manifestado a Israel, vim, por isso, batizando com água. 32 E João testemunhou, dizendo: Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele. 33 Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo. 34 Pois eu, de fato, vi e tenho testificado que ele é o Filho de Deus.

§ 1 Este é o dia seguinte depois do “interrogatório” que os judeus fizeram tendo sido enviados de Jerusalém. Tem chegado o momento mais alto na importante atuação de João Batista, o que anunciou a chegada do Messias, o Filho de Deus. João apresenta Jesus como o Cordeiro de Deus. A grande tarefa do Messias não será imediatamente estabelecer o reino de sua glória, mas assumir a culpa do mundo, dando assim acesso ao seu reino para todos os que passarem a buscar o seu perdão. Desta maneira, Jesus desempenhará o papel do verdadeiro cordeiro pascoal, cujo sangue cobrirá os pecados daqueles que cressem nEle. Através dEle, o povo de Deus, de todas as nações herdará a Canaã celestial. A palavra “resgatar” é traduzida por levantar, mas também por retirar, remover, eliminar. Jesus tira a culpa dos seus sofrendo o castigo de Deus por nosso pecado. João usa o singular “o pecado”, se bem que todos os pecados tem um só ponto de partida: o de rejeitar a autoridade de Deus sobre a nossa vida. Como é grande o amor de Deus, permitindo a João que chamasse Jesus de o Cordeiro de Deus (ou seja, dado por Ele!) “Cordeiro de Deus” pode ser uma referência ao cordeiro pascoal por cujo sangue Israel tinha sido livrado da morte, mas também podemos pensar no culto dos sacrifícios no Templo, o cordeiro de Isaías 53 e na pergunta de Isaque e a resposta de Abraão em Gn 22.7-8.

§ 2 João está certo de que agora o Eterno Filho de Deus chegou (v. 30, ver também o v. 15 e 27) pela revelação direta do Messias feita pelo Pai, assim que disse: “Vi o Espírito que descia do céu como pomba, e ficou sobre ele”. Ele deu testemunho de que Jesus é o Filho de Deus, pois Deus mesmo o tinha revelado isto. Sem esta revelação, João não podia dizer que conhecia a Jesus; mas agora o sabe e o conhece como aquele que batiza com o Espírito, dando assim uma vida nova, um novo coração. O que Jesus veio fazer é muito mais importante do que o que João fez, já que o que João fez foi só algo preparatório com respeito à atividade de Jesus.

* João testifica que Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, para que creiamos nEle. Nós temos feito o mesmo?

(1.35-42) 35 No dia seguinte, estava João outra vez na companhia de dois dos seus discípulos 36 e, vendo Jesus passar, disse: Eis o Cordeiro de Deus! 37 Os dois discípulos, ouvindo-o dizer isto, seguiram Jesus. 38 E Jesus, voltando-se e vendo que o seguiam, disse-lhes: Que buscais? Disseram-lhe: Rabi (que quer dizer Mestre), onde assistes? 39 Respondeu-lhes: Vinde e vede. Foram, pois, e viram onde Jesus estava morando; e ficaram com ele aquele dia, sendo mais ou menos a hora décima. 40 Era André, o irmão de Simão Pedro, um dos dois que tinham ouvido o testemunho de João e seguido Jesus. 41 Ele achou primeiro o seu próprio irmão, Simão, a quem disse: Achamos o Messias (que quer dizer Cristo), 42 e o levou a Jesus. Olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, o filho de João; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro).

§ 3 No dia seguinte (se trata de uma semana cheia de encontros; veja-se os vv. 29, 35, 43 e 2.1), João, acompanhado por dois dos seus discípulos, indica Jesus novamente como o Cordeiro de Deus, faz isto para que fique claro que ele foi só o que veio anunciar a Sua chegada. Estes discípulos eram André e provavelmente João, o escritor do evangelho. Ouvindo João Batista falar sobre Jesus, seguem ao Senhor para tratar de conhecê-lo. Jesus, vendo que o estavam seguindo, lhes fez uma pergunta exortativa: “O que buscais?” Os dois responderam: “Rabi (Mestre), onde moras?” Esta foi uma resposta que estava demonstrando desejo de se ter uma oportunidade para se falar com Ele em total tranqüilidade, como seus discípulos. A resposta foi tão amável como a pergunta: “Vinde e vede”. Atrás das perguntas existe um desejo íntimo de se estar pessoalmente com Ele; atrás das respostas existe um desejo maior de aceitá-los como discípulos.

§ 4 Para todos foi um dia muito importante, já que o escritor se lembrou que aquilo aconteceu na décima hora. A palavra “porque” no verso 39, indica que é muito provável que este encontro tivesse acontecido mais ou menos às 10 da manhã, e assim teriam tido o dia todo para poderem estar com Jesus.

§ 5 O resultado deste encontro foi o que de imediatamente se tornou um ato evangelístico. André procurou o seu irmão Simão para lhe dizer que tinham encontrado Jesus, o Messias. O fato de ter encontrado Cristo, serviu para que os dois procurassem outros para que também pudessem conhecer Ele. Jesus encontra Simão e lhe dá a promessa de que ele será Pedro (pedra), ou seja, um apoio importante em sua futura Igreja.

*Para se conhecer Cristo é preciso conhecermos o seu ensino e sobretudo, ter um encontro pessoal com Ele. O verdadeiro discípulo busca outras pessoas para trazê-las a Cristo.

Fonte: ADMIRANT, Pieter J. den. Lámpara a mis pies es tu Palabra. Holanda: En la Calle Recta, 524 p. Tradutor e adaptador: Marcos Ramos.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

ESTUDOS NO EVANGELHO SEGUNDO JOÃO ( 3 )


(1.19-28) –

19 Este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para lhe perguntarem: Quem és tu? 20 Ele confessou e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo. 21 Então, lhe perguntaram: Quem és, pois? És tu Elias? Ele disse: Não sou. És tu o profeta? Respondeu: Não. 22 Disseram-lhe, pois: Declara-nos quem és, para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes a respeito de ti mesmo? 23 Então, ele respondeu: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.

§ 1 Não sabemos exatamente quem enviou uns sacerdotes e levitas até João Batista; talvez tenha sido o sinédrio, porém o versículo 19 só diz “os judeus”. Em todo caso, estes que foram enviados foram solicitados apenas para uma tarefa oficial que foi a de verificar o que acontecia com João e para poderem controlar o movimento das pessoas que se aproximavam dele. Este temor não tinha fundamento e era desnecessário, pelo motivo de que João Batista tenha declarado que ele não passava de uma voz. Mesmo que as pessoas fossem tentadas a admirá-lo, ele não chega ao extremo de chamar a si mesmo de o Cristo. Inclusive nem sequer quis ser chamado de Elias, ainda que mais tarde Jesus dissesse que ele era (Mt 17.12). Da mesma maneira que não se denomina como o profeta mencionado em Dt 18.15, mas que diz de si ser apenas a “voz de um que clama no deserto”; João não pôde ser expressar de uma forma mais humilde do que esta. João Batista era a “voz” profetizada em Isaías 40, que preparava o caminho do Senhor que estava por vir: o Messias. A humildade de João Batista o levava a glorificar Jesus e isso servia para humilhar os homens.

24 Ora, os que haviam sido enviados eram de entre os fariseus. 25 E perguntaram-lhe: Então, por que batizas, se não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? 26 Respondeu-lhes João: Eu batizo com água; mas, no meio de vós, está quem vós não conheceis, 27 o qual vem após mim, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias. 28 Estas coisas se passaram em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando.

§ 2 Logo vieram outros enviados; agora eram os fariseus que perguntaram dizendo: se João não é o Messias, por que então estava batizando? Não o entenderam. Para João Batista o batismo era uma preparação para que as pessoas por meio deste reconhecessem a sua condição caída e corrupta, declarando assim, publicamente, que precisam da graça do Messias. Todo impedimento, seja ele como um monte ou montanha, deveria ser destruído com o propósito de ser preparado um caminho livre para Aquele que batizaria com o Espírito Santo, fazendo do batismo com água uma realidade que trazia o perdão dos pecados e a nova vida. João falou uma frase cheia de respeito e temor piedoso ao ter dito: “Este (Jesus) é o que vem depois de mim, o que é antes de mim” (ver v. 15), e completa, “do qual eu não sou digno de desamarrar as correias de suas sandálias”. A tarefa de João foi a de levar as pessoas para Cristo, ainda que o Messias seja desconhecido, tanto para as pessoas como também para ele; João sabia que o Messias, que se revelaria muito em breve, era a maior pessoa do mundo. No tempo de João o Evangelista, existiam pessoas que respeitavam e reverenciavam profundamente João Batista. Isto queria dizer muita coisa se for considerado que ele era só o mensageiro do Rei. De sua parte, João Batista mesmo sentia reverência total e profunda por Jesus que agora estava no meio deles. A salvação estava mais perto do que nunca!

*A tarefa de João, como a de cada servo de Deus foi e é: preparar o caminho para Jesus e apresentá-Lo como o Messias a quem todos devem respeitar.

Fonte: ADMIRANT, Pieter J. den. Lámpara a mis pies es tu Palabra. Holanda: En la Calle Recta, 524 p. Tradutor e adaptador: Marcos Ramos.

terça-feira, 29 de julho de 2008

ESTUDOS NO EVANGELHO SEGUNDO JOÃO - ( 2 )

(1.19-28) –

19 Este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para lhe perguntarem: Quem és tu? 20 Ele confessou e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo. 21 Então, lhe perguntaram: Quem és, pois? És tu Elias? Ele disse: Não sou. És tu o profeta? Respondeu: Não. 22 Disseram-lhe, pois: Declara-nos quem és, para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes a respeito de ti mesmo? 23 Então, ele respondeu: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.

§ 1 Não sabemos exatamente quem enviou uns sacerdotes e levitas até João Batista; talvez tenha sido o sinédrio, porém o versículo 19 só diz “os judeus”. Em todo caso, estes que foram enviados foram solicitados apenas para uma tarefa oficial que foi a de verificar o que acontecia com João e para poderem controlar o movimento das pessoas que se aproximavam dele. Este temor não tinha fundamento e era desnecessário, pelo motivo de que João Batista tenha declarado que ele não passava de uma voz. Mesmo que as pessoas fossem tentadas a admirá-lo, ele não chega ao extremo de chamar a si mesmo de o Cristo. Inclusive nem sequer quis ser chamado de Elias, ainda que mais tarde Jesus dissesse que ele era (Mt 17.12). Da mesma maneira que não se denomina como o profeta mencionado em Dt 18.15, mas que diz de si ser apenas a “voz de um que clama no deserto”; João não pôde ser expressar de uma forma mais humilde do que esta. João Batista era a “voz” profetizada em Isaías 40, que preparava o caminho do Senhor que estava por vir: o Messias. A humildade de João Batista o levava a glorificar Jesus e isso servia para humilhar os homens.

24 Ora, os que haviam sido enviados eram de entre os fariseus. 25 E perguntaram-lhe: Então, por que batizas, se não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? 26 Respondeu-lhes João: Eu batizo com água; mas, no meio de vós, está quem vós não conheceis, 27 o qual vem após mim, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias. 28 Estas coisas se passaram em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando.

§ 2 Logo vieram outros enviados; agora eram os fariseus que perguntaram dizendo: se João não é o Messias, por que então estava batizando? Não o entenderam. Para João Batista o batismo era uma preparação para que as pessoas por meio deste reconhecessem a sua condição caída e corrupta, declarando assim, publicamente, que precisam da graça do Messias. Todo impedimento, seja ele como um monte ou montanha, deveria ser destruído com o propósito de ser preparado um caminho livre para Aquele que batizaria com o Espírito Santo, fazendo do batismo com água uma realidade que trazia o perdão dos pecados e a nova vida. João falou uma frase cheia de respeito e temor piedoso ao ter dito: “Este (Jesus) é o que vem depois de mim, o que é antes de mim” (ver v. 15), e completa, “do qual eu não sou digno de desamarrar as correias de suas sandálias”. A tarefa de João foi a de levar as pessoas para Cristo, ainda que o Messias seja desconhecido, tanto para as pessoas como também para ele; João sabia que o Messias, que se revelaria muito em breve, era a maior pessoa do mundo. No tempo de João o Evangelista, existiam pessoas que respeitavam e reverenciavam profundamente João Batista. Isto queria dizer muita coisa se for considerado que ele era só o mensageiro do Rei. De sua parte, João Batista mesmo sentia reverência total e profunda por Jesus que agora estava no meio deles. A salvação estava mais perto do que nunca!

*A tarefa de João, como a de cada servo de Deus foi e é: preparar o caminho para Jesus e apresentá-Lo como o Messias a quem todos devem respeitar.

Fonte: ADMIRANT, Pieter J. den. Lámpara a mis pies es tu Palabra. Holanda: En la Calle Recta, 524 p. Tradutor e adaptador: Marcos Ramos.

ESTUDOS NO EVANGELHO SEGUNDO JOÃO - ( 1 )

(1.1-18) – O PRÓLOGO –

1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

§ 1 Estes primeiros versos deste capítulo estão em conformidade para o que foi definido como sendo o Prólogo. Aqui João descreve a importância do tema contido em seu evangelho: a grandeza e a glória de Jesus; além da reação do mundo (tanto dos judeus como dos gentios) e dos crentes diante dEle. Nos primeiros versículos, ainda sem João dizer o nome de Jesus, nos presenteia com uma descrição dEle. Desta maneira a expectativa vai aumentando como uma forte luz a respeito de quem se trata. Finalmente é colocada em evidência que essa pessoa divina não é outra, mas Jesus, o Filho de Deus. Aqui João nos fala sobre Ele em relação com:

* A Sua eternidade, “No princípio...”.

* A Sua comunhão com o Pai, “era com Deus”.

* A Sua Divindade, “O Verbo era Deus”.

§ 2 JOÃO FALA DE JESUS COMO “O VERBO”. Ele faz isto para esclarecer que Ele é a pessoa na qual Deus o Pai se expressa totalmente. É assim como Jesus mesmo disse no capítulo 14.9: “Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?”, ou, como João disse no capítulo 1.18: “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou”.

2 Ele estava no princípio com Deus.

3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez.

* A Sua participação na Criação, “Todas as coisas foram feitas por ele”.

4 A vida estava nele e a vida era a luz dos homens.

* Os Seus Atributos Divinos como Vida e Luz, “NEle estava a vida, e a vida era a luz dos homens”.

5 A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela.

* O Seu Triunfo sobre as Trevas, “A Luz resplandece nas trevas e as trevas não prevaleceram contra ela”.

§ 3 Nos cinco primeiros versículos, João anuncia a chegada de Jesus a este mundo como luz e vida. Só em Jesus existe vida em comunhão com Deus o Pai. Só Ele pode dar luz para que venhamos existir; só Ele revela Deus como Pai. No verso 5, João se refere a vitória da luz sobre as trevas na criação, e logo na cruz do Calvário, onde Jesus venceu Satanás.

* Jesus é o Verbo eterno de Deus; Ele mesmo é Deus e vive em total comunhão com Deus; Ele é Luz e Vida. O único caminho para se poder conhecer o Pai.

6 Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João.

§ 4 No verso 6, o apóstolo João fala de João Batista, dizendo que ele não era a luz, mas a testemunha da luz. O Batista se apresentou com o fim de que todos aqueles que o ouvissem crescem em Jesus. João propõe com isto, derrubar todo o desejo de uma possível exaltação da pessoa de João Batista quem apenas deu testemunho de Jesus e não de si mesmo. O que importa é a verdadeira luz (Jesus), “que ilumina a todo homem que vem a este mundo”. João nos dá a luz que pela pregação de João Batista estava claro que o mundo passava por um período decisivo de sua história. A luz do mundo estava por chegar! Esta é a luz que ilumina todo homem, ou seja, a todos aqueles que ouvem o evangelho e que em certa medida recebem conhecimento sobre o caminho para a salvação. Mas o mais estranho é a maneira como isto acontece.

7 Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele. 8 Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz, 9 a saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem. 10 O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu.

§ 5 O verso 10 repete de maneira enfática o que estava acontecendo, e isto era porque a verdadeira luz estava no mundo; aquele mundo que era a sua própria criação, e onde, todavia, o homem não o conhecia. Não reconheceu nessa luz, a luz do verdadeiro Deus, o único caminho que conduz para a salvação.

§ 6 Além disso, o seu próprio povo Israel (os seus) não o recebeu. Para a grande tarefa de Jesus, isto foi motivo de muita decepção; por acaso a sua chegada foi em vão? Pelo contrário, desde cedo não deveria existir motivo para decepção já que Deus mesmo lhe deu um povo, aqueles que o receberam pela fé, tendo reconhecido o significado tremendo do seu nome (Salvador); eles receberam o grande privilégio de serem feitos filhos de Deus (assim a palavra “poder” foi traduzida). João imediatamente nos diz que a fé (= a acreditar no seu nome) e o privilégio de ser filho de Deus partem diretamente de Deus, de maneira que a fé também é produzida por Deus. “Os quais não são nascidos do sangue, nem da vontade do homem, mas de Deus”, conseqüentemente, o novo nascimento é obra de Deus e não tem nada a ver com a descendência natural humana, como muitos judeus pensavam. Eles acreditavam que por serem filhos de Abraão, eram filhos de Deus; não entenderam que o novo nascimento dependia só da vontade de Deus.

*O Filho de Deus não encontrou uma aceitação natural, nem do mundo, nem do seu próprio povo. Mas, possui um povo formado por homens que têm o mais alto privilégio: serem filhos de Deus.

11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. 12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; 13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. 14 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.

§ 7 O verso 14 possui o ponto mais alto do prólogo. Ainda que João já tenha falado a respeito de que o Verbo (Jesus) estava neste mundo, revela agora a maneira em que a sua presença foi feita uma realidade visível. Não era um homem simbolizado, mas o Verbo feito de carne (que era o próprio Deus). Aqui está a criação do milagre divino da encarnação de Cristo. Deus revelado em carne! A palavra “carne” aponta em direção ao frágil e mortal homem, enquanto que as palavras “foi feito” dão sinal de uma nova dimensão de existência. Em João 3.16 o apóstolo nos mostra o motivo da encarnação: o grande amor de Deus por um mundo perdido. Todavia, vemos também aqui o amor de Deus, dizendo que o Verbo habitou (lit. “em uma tenda”) entre nós. Este é o começo do cumprimento da promessa que Deus tinha dado ao seu povo Israel (Lv 26.11 e Is 57.15), dizendo que Ele moraria no meio deles. O tempo da salvação de Deus tinha chegado. Os apóstolos como testemunhas que o tinham visto, viram a sua glória, o resplendor da majestade de Deus, não como se fosse um resplendor que cegasse e/ou matasse, mas cheio de graça e de verdade. Assim era a glória do Unigênito do Pai. Não uma glória que brilha para si mesmo, mas uma que brilha e comunica a verdadeira graça aos seus.

§ 8 A sua pessoa era muito mais importante do que a de João Batista; e apesar de ter agido depois dele no tempo, Jesus era antes de João, pois era o eterno Filho de Deus. A sua glória é tão grande, que podemos falar de uma plenitude que nunca se acaba. É uma plenitude de graça na qual todos os crentes podem ser amparados a todo o momento e por meio dela estar em comunhão com Deus. A graça de Cristo é como as ondas do mar: sempre chegam novas. Também era superior a Moisés, apesar de que através dele Israel tinha recebido a Lei de Deus. Jesus era superior no sentido de que os crentes por seu intermédio receberam a graça e o perdão de acordo com as transgressões feitas da lei. Através dEle também veio a verdade (v. 17 comparado com o 14), o qual quer dizer que em Jesus Cristo foi feita visível a fidelidade de Deus quanto ao cumprimento das promessas de sua graça, de modo que em sua pessoa todas as promessas de Deus se cumpriram. Além do mais, o seu Pai o revelou para quem jamais o tinha visto; João nos diz que Jesus se deu a “conhecer pelo Pai” (ou segundo a palavra grega, nos tem dado a interpretação do Pai; a palavra “exegese” foi derivada deste verbo).

* Jesus tendo vindo da profundidade da eternidade, revelou a inesgotável graça de Deus.

15 João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de quem eu disse: o que vem depois de mim tem, contudo, a primazia, porquanto já existia antes de mim. 16 Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça. 17 Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. 18 Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou.

Fonte: ADMIRANT, Pieter J. den. Lámpara a mis pies es tu Palabra. Holanda: En la Calle Recta, 524 p. Tradutor e adaptador: Marcos Ramos.