terça-feira, 29 de julho de 2008

ESTUDOS NO EVANGELHO SEGUNDO JOÃO - ( 1 )

(1.1-18) – O PRÓLOGO –

1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

§ 1 Estes primeiros versos deste capítulo estão em conformidade para o que foi definido como sendo o Prólogo. Aqui João descreve a importância do tema contido em seu evangelho: a grandeza e a glória de Jesus; além da reação do mundo (tanto dos judeus como dos gentios) e dos crentes diante dEle. Nos primeiros versículos, ainda sem João dizer o nome de Jesus, nos presenteia com uma descrição dEle. Desta maneira a expectativa vai aumentando como uma forte luz a respeito de quem se trata. Finalmente é colocada em evidência que essa pessoa divina não é outra, mas Jesus, o Filho de Deus. Aqui João nos fala sobre Ele em relação com:

* A Sua eternidade, “No princípio...”.

* A Sua comunhão com o Pai, “era com Deus”.

* A Sua Divindade, “O Verbo era Deus”.

§ 2 JOÃO FALA DE JESUS COMO “O VERBO”. Ele faz isto para esclarecer que Ele é a pessoa na qual Deus o Pai se expressa totalmente. É assim como Jesus mesmo disse no capítulo 14.9: “Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?”, ou, como João disse no capítulo 1.18: “Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou”.

2 Ele estava no princípio com Deus.

3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez.

* A Sua participação na Criação, “Todas as coisas foram feitas por ele”.

4 A vida estava nele e a vida era a luz dos homens.

* Os Seus Atributos Divinos como Vida e Luz, “NEle estava a vida, e a vida era a luz dos homens”.

5 A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela.

* O Seu Triunfo sobre as Trevas, “A Luz resplandece nas trevas e as trevas não prevaleceram contra ela”.

§ 3 Nos cinco primeiros versículos, João anuncia a chegada de Jesus a este mundo como luz e vida. Só em Jesus existe vida em comunhão com Deus o Pai. Só Ele pode dar luz para que venhamos existir; só Ele revela Deus como Pai. No verso 5, João se refere a vitória da luz sobre as trevas na criação, e logo na cruz do Calvário, onde Jesus venceu Satanás.

* Jesus é o Verbo eterno de Deus; Ele mesmo é Deus e vive em total comunhão com Deus; Ele é Luz e Vida. O único caminho para se poder conhecer o Pai.

6 Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João.

§ 4 No verso 6, o apóstolo João fala de João Batista, dizendo que ele não era a luz, mas a testemunha da luz. O Batista se apresentou com o fim de que todos aqueles que o ouvissem crescem em Jesus. João propõe com isto, derrubar todo o desejo de uma possível exaltação da pessoa de João Batista quem apenas deu testemunho de Jesus e não de si mesmo. O que importa é a verdadeira luz (Jesus), “que ilumina a todo homem que vem a este mundo”. João nos dá a luz que pela pregação de João Batista estava claro que o mundo passava por um período decisivo de sua história. A luz do mundo estava por chegar! Esta é a luz que ilumina todo homem, ou seja, a todos aqueles que ouvem o evangelho e que em certa medida recebem conhecimento sobre o caminho para a salvação. Mas o mais estranho é a maneira como isto acontece.

7 Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele. 8 Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz, 9 a saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem. 10 O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu.

§ 5 O verso 10 repete de maneira enfática o que estava acontecendo, e isto era porque a verdadeira luz estava no mundo; aquele mundo que era a sua própria criação, e onde, todavia, o homem não o conhecia. Não reconheceu nessa luz, a luz do verdadeiro Deus, o único caminho que conduz para a salvação.

§ 6 Além disso, o seu próprio povo Israel (os seus) não o recebeu. Para a grande tarefa de Jesus, isto foi motivo de muita decepção; por acaso a sua chegada foi em vão? Pelo contrário, desde cedo não deveria existir motivo para decepção já que Deus mesmo lhe deu um povo, aqueles que o receberam pela fé, tendo reconhecido o significado tremendo do seu nome (Salvador); eles receberam o grande privilégio de serem feitos filhos de Deus (assim a palavra “poder” foi traduzida). João imediatamente nos diz que a fé (= a acreditar no seu nome) e o privilégio de ser filho de Deus partem diretamente de Deus, de maneira que a fé também é produzida por Deus. “Os quais não são nascidos do sangue, nem da vontade do homem, mas de Deus”, conseqüentemente, o novo nascimento é obra de Deus e não tem nada a ver com a descendência natural humana, como muitos judeus pensavam. Eles acreditavam que por serem filhos de Abraão, eram filhos de Deus; não entenderam que o novo nascimento dependia só da vontade de Deus.

*O Filho de Deus não encontrou uma aceitação natural, nem do mundo, nem do seu próprio povo. Mas, possui um povo formado por homens que têm o mais alto privilégio: serem filhos de Deus.

11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. 12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; 13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. 14 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.

§ 7 O verso 14 possui o ponto mais alto do prólogo. Ainda que João já tenha falado a respeito de que o Verbo (Jesus) estava neste mundo, revela agora a maneira em que a sua presença foi feita uma realidade visível. Não era um homem simbolizado, mas o Verbo feito de carne (que era o próprio Deus). Aqui está a criação do milagre divino da encarnação de Cristo. Deus revelado em carne! A palavra “carne” aponta em direção ao frágil e mortal homem, enquanto que as palavras “foi feito” dão sinal de uma nova dimensão de existência. Em João 3.16 o apóstolo nos mostra o motivo da encarnação: o grande amor de Deus por um mundo perdido. Todavia, vemos também aqui o amor de Deus, dizendo que o Verbo habitou (lit. “em uma tenda”) entre nós. Este é o começo do cumprimento da promessa que Deus tinha dado ao seu povo Israel (Lv 26.11 e Is 57.15), dizendo que Ele moraria no meio deles. O tempo da salvação de Deus tinha chegado. Os apóstolos como testemunhas que o tinham visto, viram a sua glória, o resplendor da majestade de Deus, não como se fosse um resplendor que cegasse e/ou matasse, mas cheio de graça e de verdade. Assim era a glória do Unigênito do Pai. Não uma glória que brilha para si mesmo, mas uma que brilha e comunica a verdadeira graça aos seus.

§ 8 A sua pessoa era muito mais importante do que a de João Batista; e apesar de ter agido depois dele no tempo, Jesus era antes de João, pois era o eterno Filho de Deus. A sua glória é tão grande, que podemos falar de uma plenitude que nunca se acaba. É uma plenitude de graça na qual todos os crentes podem ser amparados a todo o momento e por meio dela estar em comunhão com Deus. A graça de Cristo é como as ondas do mar: sempre chegam novas. Também era superior a Moisés, apesar de que através dele Israel tinha recebido a Lei de Deus. Jesus era superior no sentido de que os crentes por seu intermédio receberam a graça e o perdão de acordo com as transgressões feitas da lei. Através dEle também veio a verdade (v. 17 comparado com o 14), o qual quer dizer que em Jesus Cristo foi feita visível a fidelidade de Deus quanto ao cumprimento das promessas de sua graça, de modo que em sua pessoa todas as promessas de Deus se cumpriram. Além do mais, o seu Pai o revelou para quem jamais o tinha visto; João nos diz que Jesus se deu a “conhecer pelo Pai” (ou segundo a palavra grega, nos tem dado a interpretação do Pai; a palavra “exegese” foi derivada deste verbo).

* Jesus tendo vindo da profundidade da eternidade, revelou a inesgotável graça de Deus.

15 João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de quem eu disse: o que vem depois de mim tem, contudo, a primazia, porquanto já existia antes de mim. 16 Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça. 17 Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. 18 Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou.

Fonte: ADMIRANT, Pieter J. den. Lámpara a mis pies es tu Palabra. Holanda: En la Calle Recta, 524 p. Tradutor e adaptador: Marcos Ramos.

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