segunda-feira, 18 de agosto de 2008

ESTUDOS NO EVANGELHO SEGUNDO JOÃO (5)


(1.43-51) 43 No dia imediato, resolveu Jesus partir para a Galiléia e encontrou a Filipe, a quem disse: Segue-me. 44 Ora, Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro. 45 Filipe encontrou a Natanael e disse-lhe: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José. 46 Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair alguma coisa boa? Respondeu-lhe Filipe: Vem e vê. 47 Jesus viu Natanael aproximar-se e disse a seu respeito: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo! 48 Perguntou-lhe Natanael: Donde me conheces? Respondeu-lhe Jesus: Antes de Filipe te chamar, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira. 49 Então, exclamou Natanael: Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel! 50 Ao que Jesus lhe respondeu: Porque te disse que te vi debaixo da figueira, crês? Pois maiores coisas do que estas verás. 51 E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.

§ 1 Em seguida, vemos que Jesus agiu de modo a ter produzido uma reação em cadeia. Ele chamou Felipe, que vinha da mesma cidade de André e Pedro, em Betsaida, um povoado de pescadores construído pelo filho de Herodes o Grande. Por sua vez, Felipe busca o seu amigo Natanael e o dá uma informação que não foi completa quando lhe disse: “Temos achado aquele sobre quem Moisés escreveu na lei, assim como os profetas: Jesus, o filho de José, de Nazaré”. Natanael, sabendo que o Messias nasceria em Belém, pergunta com dúvida: “Pode sair alguma coisa boa de Nazaré?”. Para um judeu piedoso era uma coisa insuportável ouvir que o Messias teria nascido entre o povo insignificante de Nazaré na Galiléia. Esta posição estaria de acordo com a vontade da Palavra de Deus? Seria possível que esta tenha sido uma atitude não muito correta?

§ 2 A reação de Natanael é aceitável já que ele não entendia todos os detalhes do nascimento, mas sabia que Jesus era o verdadeiro Messias. De maneira que Filipe o incentiva para que este também conheça Jesus. Este feito só chegou a convencer Natanael; mas um encontro pessoal com Jesus surtiria um efeito muito maior do que uma explicação detalhada dEle dada por seus discípulos! Ao vê-lo, Jesus disse aos que estavam em volta de Natanael: “Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não existe engano”. Isto quis dizer que Natanael não era um hipócrita, mas que, pelo contrário, foi um homem que mostrou que tinha uma atitude aberta, do tipo que nem sempre foi achada diante no povo de Deus, Israel (ver João 2.24; 6.26). Natanael, com um desejo verdadeiro de conhecer a verdade e o Messias, se admira grandemente e pergunta a Jesus: “De onde me conheces?” Jesus demonstra que tem um conhecimento que se refere à Natanael, ao tê-lo dito: “Antes que Filipe te chamasse eu te vi estando em baixo da figueira”. Jesus o conhecia como uma pessoa estudiosa e que refletia ma Palavra de Deus (assim como os rabinos faziam, por terem costume, em baixo da figueira). Natanael imediatamente o reconheceu como o Filho de Deus. Então Jesus o prometeu que ele veria coisas maiores, como foi no caso de Jacó (Gn 28): veria o céu aberto, e os anjos de Deus que desceriam e subiriam sobre o Filho do Homem. O Rei é maior do que poderia ser pensado. Ao longo do evangelho Jesus sempre mostra algo mais de sua glória. Cada sinal ou milagre revela um aspecto de sua divindade e de sua bondade para os seus. Por meio dEle, Deus abre os céus e nos confirma a sua graça.

*Jesus abre o céu para os seus, já que Ele como Rei vence o pecado, a morte e o diabo.

RESUMO APLICATIVO DE ALGUNS TEMAS IMPORTANTES (1.1-18-1.43-51)

§ 3 1a. Todo argumento para se negar a divindade de Jesus Cristo é falso. Existem seitas e pensamentos modernos, alguns até vindos de certas tendências teológicas que procuram negar a divindade de Jesus, ou tratam de diminuí-la (como os Testemunhas de Jeová que dizem que Jesus era um “deus” e não Deus). Pelo contexto do capítulo 1 não deve existir dúvida de que Jesus é o Verbo que era com Deus e que é Deus. A ele se atribuem eternidade, divindade e onipotência. Além do mais, só nEle se encontra a vida, ou seja, uma vida caracterizada pela comunhão com Deus; só Ele nos dá luz para conhecermos o coração de Deus; só Ele triunfou sobre as trevas. É por tudo isto que Jesus Cristo é a única pessoa que pode satisfazer as nossas necessidades.

§ 4 1b. É muito estranho que quem participou na criação tenha sido rejeitado pelas suas próprias criaturas. Inclusive a sua própria casa (Israel) como nação não o reconheceu nem o recebeu. Mas, o Messias não fica sem um povo. Deus trabalha em seus escolhidos para que recebam a Cristo, enquanto que eles, por sua vez, recebem o alto privilégio de serem filhos de Deus. Aqui está mais do que claro que não somos nós que “temos aceitado Jesus como nosso Salvador”, mas que pelo novo nascimento, ou seja, pela obra de Deus em nós temos recebido Ele.

§ 5 1c. Em sua encarnação, Jesus revelou o Pai. Não existe um amor maior do que o da encarnação! João nos mostra imediatamente a grandeza do plano eterno de Deus. Ninguém mais do que o Filho eterno de Deus, foi feito carne e viveu em nosso meio. Foi o princípio do cumprimento da promessa do morar sem fim de Deus no meio de seu povo. Jesus é superior a João, porque Ele trouxe a realidade da promessa anunciada por este. NEle existe plenitude de graça que jamais se acaba, inesgotável como as ondas do mar que sempre chegam novas na orla. Também é superior a Moisés, que nos deixou a lei, já que Jesus cumpriu a lei e nos deixou a sua graça e perdão. Aquele que quer conhecer a Deus, o que jamais pode ser visto diretamente, deve se dirigir a Jesus: Ele nos faz conhecer o santo Deus, cheio de amor pelos seus.

§ 6 2a. Ninguém pode ser comparado a Jesus Cristo. Em um momento de seu ministério João é incomodado por perguntas que vinham do setor religioso: por acaso ele era o Messias? Firmemente disse que não, inclusive afirma que ao lado do Messias ele é tão somente um humilde escravo. João não só era humilde, mas que além de tudo reconhecia que nem ele e nem ninguém pode ser comparado a Cristo, pelo motivo de sua pessoa e obra serem únicas. Este é um ponto de orientação para desmascarar esses falsos profetas que procuram estar no mesmo nível que o de Jesus.

§ 7 2b. O nosso trabalho no ministério não é atrair as pessoas me nossa direção, mas em direção a Cristo. Para João era uma tentação real a fama que estava alcançando na sociedade judia, mas a sua mensagem sempre tinha Cristo no centro dela. Muitos ministros devem enfrentar esta mesma tentação, e deve se perguntar seriamente: Quando prego a Palavra, as pessoas colocam a sua fé em Jesus, ou admiram os meus grandes talentos? Cristo está totalmente no centro de minha pregação, ou tenho buscado também um espaço nela para mim? Que o Senhor nos guie em situação tão delicada e nos guarde de cair no orgulho ministerial. Devemos sempre perceber a grandeza de Jesus e buscar apenas a sua glória.

§ 8 3. Toda a humanidade compartilha o mesmo pecado, e é por isso que precisa com urgência do único que pode lhe livrar da morte. Todos os pecados têm um mesmo princípio: rejeitar a autoridade de Deus sobre as nossas vidas. Este é um aspecto que vale a pena ser considerado na hora de compartilharmos a nossa fé, já que as pessoas têm uma idéia totalmente errada do que é pecado, e só chega a relacioná-la com a área moral humana, ou com a injustiça social. Mas, não está sendo afirmado que, pelo simples fato de fazermos com que seja conhecido o significado do que é pecado as pessoas irão se converter, mas, isto nos ajudará a sermos mais claros no que formos transmitir e receber uma resposta mais sincera das pessoas.

§ 9 4. Quem tem experimentado a alegria do encontro com o Senhor Jesus sentirá a necessidade de comunicar isto a outros. Isto é o que aprendemos do primeiro encontro que André teve com Jesus. Que impactante foi para ele perceber que Aquele que estava com eles não era outro, mas o próprio Messias! Este era o motivo mais do que suficiente para poder comunicar a outros tão boa notícia. Se realmente temos tido esse encontro com o Salvador de nossas vidas, então não podemos ficar calados; temos que anunciá-lo, e a nossa família deverá ser a primeira a ficar sabendo disto, não só pelas nossas palavras, mas também pela mudança que verão em nós.

§ 10 5. Para evangelizarmos não precisamos querer ter um conhecimento completo sobre Jesus. Esse conhecimento virá depois. É importante que todos nós conheçamos em detalhe a vida de Jesus, mas o mais importante do que isso, no plano evangelístico, é levar as pessoas para um encontro pessoal com Ele. Muitos irmãos dizem que não estão preparados para comunicar o plano de salvação aos outros, e não são poucos estes irmãos que pensam assim. Mas não podemos usar isto como desculpa, pois, ainda que o conteúdo do evangelho seja de uma profundidade grandiosa, possui uma simplicidade extraordinária. O apóstolo Paulo nos presenteia com um das maneiras mais detalhadas e simplificadas do plano de salvação... “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores” (1Tm 1.15).

Fonte: ADMIRANT, Pieter J. den. Lámpara a mis pies es tu Palabra. Holanda: En la Calle Recta, 524 p. Tradutor e adaptador: Marcos Ramos.

Nenhum comentário: